sábado, 15 de setembro de 2012

COISA DUZÔTRO: Roleta-Russa - Parte I

A seção Coisaduzôtro é uma reminiscência do Ninfoblog, eu adoooooro esse nome e adoooooro quando vocês, bando de safados, participam! Essa é a História da Justine e, pelo visto, ela vem à prestação! Aguarde as cenas dos próximos capítulos!!!



“Ônibus são roletas russas de humanos”, escrevia em um papel, tremendo de vontade da cabeça aos pés, ao lado dele. Rabisquei umas palavras assim, sem jeito, justificando minha urgência em conhece-lo antes que se fosse, mas não tive coragem de entregar. “Porra! Ele vai descer e nunca mais o verei”, pensava.

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Era a volta pra casa depois de mais um dia de trabalho. Meu corpo pedindo por alguma emoção. Sozinha. “Feliz Dia do Orgasmo”, me parabenizei sarcasticamente, pensando na coincidência entre a comemoração idiota inventada para aquele dia (31 de julho), e minha solidão, sem o gosto do gozo.

Minha linha chegou, Rio Doce / Derby.  Mais ou menos 19h30 da noite. Mecanicamente, procurei lugar para sentar. E fixei nele. Barba, cabelos longos, camiseta branca em V, jeans... Lia algo, estava concentrado. Nem pensei duas vezes. Apenas metade das cadeiras estavanocupadas. Mesmo assim, sentei ao seu lado. A mochila estava ocupando a cadeira ao lado, ele prontamente a tirou.

Vi o que lia: Les Miserables, de Victor Hugo, em francês. “Fudeu”, pensei.” Além de lindo é inteligente...” Desejo bateu forte. 

Durante toda viagem, não trocamos palavra. Eu, que sempre puxo conversa! Sequer olhei  diretamente para ele. Meus olhos corriam por suas tatuagens.  Meus músculos estavam retesados, a coxa pulsando. Quanto mais o desejava, mais ficava na minha. Olhava para janela. Quando empinei a bunda de lado para tirar um cartão q estava no bolso de trás da calça, percebi que ele olhou de relance. Me focava naquelas palavras do livro, eu q não sei francês, querendo entender o q ele lia.

Chegou a hora de ele ir embora. Desligou o tablet e se organizou para descer. Pensei até que ele fosse gringo, aí é que não iria falar nada mesmo. Mas... senti que ele olhava para mim ao se levantar. Olhei de volta, cheia de vontade. Não tínhamos trocado palavra, a tensão sexual estava latente. “Vamo descer”, ele falou. 

Sem pensar, levantei na hora. Ainda sem coragem de olhar diretamente pra ele. Meu momento Dama do Lotação! Descer com um estranho do coletivo! Estava extasiada. Descemos na Cidade Alta de Olinda, entre o casario histórico...

Estímulos visuais, tácteis, auditivos, intelectuais e alucinógenos me aguardavam nas próximas horas.

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