sexta-feira, 14 de setembro de 2012

HISTÓRIA E LITERATURA: História da Camisinha


ANTIGUIDADE
O primeiro relato de sexo com preservativo está na mitologia grega: Minos, filho de Zeus, foi casado com Parsífae que, por ciúmes, lançou-lhe sobre ele uma maldição: ele ejacularia serpentes, escorpiões e centopeias matando suas inúmeras amantes. Diz a lenda que Prócris, com quem teve um caso, teria envolvido o órgão sexual dele em uma bexiga de cabra. Graças a isso, ela teria evitado o destino fatal reservado às outras amantes de Minos.

Chineses fabricam uma primeira versão da camisinha feita de papel de seda com óleos lubrificantes, enquanto japoneses utilizavam um acessório rígido, funcionando como estojo feito de carapaça de tartaruga. Mais do que para proteger o coito, servia para proteger o pênis contra galhos e picadas de insetos durante as caçadas.


IDADE MÉDIA E IDADE MODERNA
No Ocidente sexo era tabu até o fim da Idade Média. A primeira menção ao preservativo só foi publicada em 1564, num tratado médico escrito pelo italiano Gabriele Falloppio, anatomista e cirurgião, descreveu uma capa de linho embebida num líquido feito com ervas e absinto, chamando seu artefato de De Morbo Gallico. 

Isso foi fundamental para a proteção de doenças sexualmente transmissíveis que assolavam a Europa, principalmente a sífilis. Aliás, o nome “doença venérea” faz referência às sacerdotisas dos templos de Vênus, que exerciam a prostituição como forma de culto à Deusa do Amor. Por este motivo, Shakespeare batizou a camisinha de "Luva de Vênus" de onde deriva a expressão portuguesa “Camisa de Vênus”.


SÉCULOS XVII e XVIII
Na França do século XVII, o objetivo principal não era o planejamento familiar, mas a diminuição do número de filhos ilegítimos, evitando escândalo e problemas financeiros. Já nessa época, os preservativos (feitos de veludo e seda) eram vendidos de forma clandestina. Afinal de contas, os representantes da Igreja já condenavam o uso de instrumentos que burlavam os fins reprodutivos do sexo marital.

Nas ruas parisienses, as camisinhas eram vendidas clandestinamente. O mo­tivo era religioso: como hoje, a Igreja Católica pregava o sexo somente para fins reprodutivos do sexo marital e condenando instrumentos que burlassem outros tipos de relações carnais.

No século XVIII, as liberdades da Revolução Francesa e as promessas caóticas da teoria malthusiana serviram para que os preservativos fossem fabricados e comercializados em maior escala.


SÉCULO XIX
Nos EUA, em 1839 Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização da borracha, ou seja, a transformação da borracha crua em uma estrutura elástica resistente, o que permitiu a confecção de preservativos de borracha, grossos e caros, sendo lavados e utilizados diversas vezes, até que a borracha arrebentasse. Algumas farmácias comercializavam o produto com garantia de cinco anos.

Já na Europa, o preservativo de borracha só apareceu em 1870. Em 1883, a criatividade já tinha chegado às embalagens: alguns pacotes vinham com o rosto do primeiro-ministro inglês William Gladstone e da rainha Vitória.


SÉCULO XX
No início do século, nas grandes cidades europeias, lojas especializadas em higiene pessoal começaram a vender modelos bastante requintados de camisinha: “preservativos perfumados, com formas e texturas surpreendentes, vendidos com discrição ou muito bem disfarçados sob a fachada de uma honrosa caixa de charutos Havana”, escreve Vincent Vidal. Em 1901, a primeira camisinha com reservatório para o esperma apareceu nos Estados Unidos.

Mas, mesmo com tanta modernidade, as camisinhas não escaparam de uma nova proibição na França: em 1920, após milhões de mortes causadas pela Primeira Guerra e pela epidemia de gripe espanhola, proibiu-se qualquer método anticoncepcional, a fim de estimular a população a ter mais filhos.

Em 1930, as camisinhas passaram a ser feitas de látex e, enfim, se tornaram descartáveis. No entanto, durante a Segunda Guerra, a única fábrica de borracha dos Estados Unidos acabou sendo bombardeada em 1941, durante o ataque japonês a Pearl Harbor.

Com o surgimento da pílula anticoncepcional, em 1961 e ignorando as doenças sexualmente transmissíveis, as pessoas abandonaram quase que de vez o preservativo. Para completar, a crise do Petróleo na década de 1970, faz o preço da borracha sintética disparar.

A camisinha só recuperaria sua popularidade nos anos 80, de maneira trágica: o surgimento da AIDS obrigou milhares de pessoas a se curvarem a um novo processo de educação sexual. Para a geração nascida depois da descoberta do vírus HIV, causador da doença, o preservativo se tornou um acessório indispensável, embora a camisinha seja posta ainda por alguns como um limitador da qualidade da relação sexual.



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